Chios: a Grécia desconhecida (parte 1)

Fiquei ausente por dez dias. Nunca passei tanto tempo sem atualizar o Gastrolândia. A razão foi a  melhor de todas: trabalho em lugares lindos. Depois de passar por Atenas para a final mundial de coquetelaria da Diageo, fui para Chios, uma ilha grega completamente desconhecida por aqui, que me deixou absolutamente apaixonada, abobada, louca, maravilhada.

No meio do caminho entre a Grécia e a Turquia, Chios é frequentada majoritariamente por gregos e é muito raro encontrar um turista de outra nacionalidade (Maria me disse que é raro turistas de outros países irem para lá e, quando vão, são noruegueses com casas de veraneio ou iates). Para falar a verdade, foi o único lugar no mundo onde ouvi “Brasileira? Por aqui?!”– porque, vamos convir, brasileiro é igual pomba, tem em todo canto…

Fui lá para conhecer o processo de extração da mastiha, resina de uma árvore que só existe em Chios, com usos que vão da culinária à  cosmética. Quem me recepcionou foi Maria Damala, uma grega linda e poliglota, membro da associação dos plantadores de mastiha, que me levou a lugares SENSACIONAIS, como este da foto aí em cima.

Depois de sair do aeroporto, na hora do almoço, Maria dirigiu até a praia de Mavra Volia, no sul de Chios, prometendo uma das melhores comidas da ilha. Sem dúvida, foi. A melhor comida, a vista, o clima, a companhia, a experência toda.

Esse restaurante, que só abre durante o verão, fica debruçado no mar calmo de inúmeras nuances de azul e seu nome não poderia ser outro: Agios Giannis (São João, homenagem ao padroeiro da igreja que fica ao lado). Deixei a escolha da nossa refeição por conta de quem mais sabe sobre comida grega: uma grega, oras.

Tzatziki (iogurte grego temperado com alho e pepino; 3 euros uma porção gigante); crocantes Natkos, espécie de bruschetta grega assada com tomates frescos e queijo de cabra (5,40 euros); o queijo tradicional de Chios, Mastelo, grelhado (o sabor é bem parecido com o nosso queijo coalho, porém mais suave, 5,20 euros); polvo perfeitamente grelhado (9,80 euros); porção farta de bacalhau fresco frito acompanhado de purê de batatas com alho, sem dúvida uma das melhores porções que comi na minha vida toda (6,50 euros!); melhores charutos de folha de uva EVER (feitos com folhas do parreiral que fica atrás do restaurante!), recheados apenas com arroz temperado e regado a limão siciliano, são menores que os que encontramos no Brasil, sem carne, e imensamente mais sutis. Para acompanhar, vinho branco geladinho e a vista…

E tudo isso– comida que daria, tranquilamente, para três pessoas— por 53 euros.

Ainda estou me recuperando da diferença de fuso horário e posso não fazer jus, aqui neste post, a esta refeição. A definição, em uma palavra, seria “sublime”.

Descobri que sou grega de coração. O problema vai ser aprender a língua…  Parakalo!

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