Esta foi minha quarta vez em Munique e já percebi, sem margem para dúvidas, que é uma das cidades que mais gosto no mundo. Ali, me sinto meio em casa.
O “em casa” se deve muito menos por conhecer a cidade de cabo a rabo (claro que tenho boas dicas, mas não posso dizer que sou uma local) e falar o idioma (não rola… ), e muito mais por ter a reconfortante sensação de familiaridade, de aconchego, de que tudo está ao alcance dos pés: basta uma caminhada, longa ou curta, para chegar aonde se quer. Para mim, Munique é acolhedora, alegre e tranquila. Um tremendo destino – conhecido pelos brasileiros somente por conta da Oktoberfest…
Deixe a Oktoberfest para lá: Munique tem taaaaanto mais a oferecer… Eu dou preferência para visitar a cidade durante os meses de temperatura amena, como abril, maio, setembro e outubro. Mas a época mais legal para ir a Munique é no fim da primavera, quando os bier garten já estão abertos, lotados de gente feliz e com fluxo incessante de cerveja boa.
Essa é minha versão favorita de Munique: vibrante, com pessoas nas ruas, turistas e locais sentados ao ar livre, comendo, bebendo e conversando. Seja em uma das dezenas de cervejarias centenárias espalhadas pela cidade ou num bier garten em alguns dos lindos parques (meu favorito é o English Garden), a vida corre mais feliz por ali quando o sol sai e o tempo esquenta.
Outro local no qual a vida corre feliz pra mim é Viktualienmarkt.
Sim, é mega turístico. Sim, provavelmente estará cheio. Mas e daí, se é legal pacas? O mercado na área central de Munique reúne vendas de hortifruti (torça para estar por lá na época de berries e dos cogumelos, que acontece entre maio e junho), padarias, queijarias, lojas de produtos alimentícios, restaurantes, música (aos finais de semana) e biergarten. Aliás, um dos melhores cafés da cidade fica ali: o Kaffee não apenas trabalha com grãos de alta qualidade e fair trade, como torra e prepara espressos, coados, capuccinos e muitas outras variações.
Também já se tornou obrigatório pra mim fazer umas compras na Gut Zum Leben, loja com molhos, pães, temperos, chás, geleias e mais um monte de delícias orgânicas. Dica: se tiver pesto de alho selvagem, compre quantos couberem na mala…
Munique também tem um lado moderno, estiloso, elegante – inclusive na gastronomia. O restaurante Schwarzreiter, que funciona dentro do hotel cinco estrelas Kempinski Vier Jahreszeiten, tem menu baseado na comida bávara porém com releitura contemporânea.
Não rola joelho de porco nem salsichão branco. Os clássicos cedem lugar a preparos sazonais como Cogumelos da estação, dumplings de bretzel e creme fresco (16 euros) e Peixe de estação com risoto de farro, tomates e molho de bacon (17 euros). À noite, o local converte-se num dos bares mais agitados das redondezas, servindo drinques e, sua especialidade, harmonizações de caviar e champanhe.
Por falar em coquetéis, outro destino para curtir bons preparos é o bar do hotel cinco estrelas Bayerischer Hof. A vista do rooftop – uma panorâmica da cidade – já vale a visita.
Não deixe de conhecer um lado novo e cativante de Munique: o plant based. Novos restaurantes veganos/vegetarianos/saudáveis, de todos os tipos de culinária, abrem a cada mês. Um dos mais antigos (e sempre cheio) é o Prinz Myshkin, com cardápio amplo e tendendo para o indiano.
O pequenino Bowls and Blenders serve os famosos bowls (tigelas) com uma miríade grande de combinações, além se sucos e smoothies. Ideal para uma refeição rápida entre passeios. E há o simplesmente sensacional e badalado Gratitude, um tremendo restaurante com bons preços e a melhor comida vegana que já provei (veja box).
Deu pra notar que Munique é muito mais do que a Oktoberfest?!
Gratitude: vegano apenas incrível
Venho diminuindo grandemente o consumo de alimentos derivados de animais por questão de saúde, climáticas, morais e ambientais. Esse percurso tem aguçado meu paladar para uma vastidão de ingredientes que, muitas vezes, passam despercebidos. O mundo vegetal é riquíssimo e oferece tantas tantas tantas possibilidades deliciosas que é quase um crime restringirmos nossa dieta a rúcula, tomate e abobrinha.
A alimentação plant based – baseada em plantas, na tradução do inglês – é uma tendência crescente no planeta e isso tem feito muito bem à gastronomia: em todos os cantos surgem novos restaurantes que exploram de maneira genial ervas, frutas, verduras, especiarias, tubérculos, castanhas. Um exemplo disso é o Gratitude.
Instalado numa rua de vida noturna agitada, a casa prepara cerca de 10 opções de pratos e entradas, que variam de acordo com a estação, como a da foto – Homus, Falafel, repolho roxo e pão (7 euros) – e o avocado com shiitake, páprica, conserva de gengibre, molho ponzu e wasabi. O que há em comum em todas elas é o tempero complexo, lindo e rico.
O Gratitude já entrou pra minha lista “tenho que voltar”.
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