10 vinhos – naturais! – para embalar os dias quentes

Vinho Velho do Museu Gewustraminer, Vinhos Juan Carrau, Brasil, R$109: "sensual sem ser enjoativo"

Vinho Velho do Museu Gewustraminer, Vinhos Juan Carrau, Brasil, R$109: “sensual sem ser enjoativo”

Vinhos naturais são aqueles feitos com a menor intervenção humana possível, totalmente livre de aditivos (é permitido apenas uma pequena adição de SO2, o famoso sulfito, tipo de conservante presente em 99,9% dos vinhos), deixando com que a bebida se torne a expressão máxima de seu terroir de origem. Uma das maiores especialistas brasileiras do assunto, a nutricionista e sommelière Lis Cereja, deu para o Gastrolândia dicas preciosas de vinhos naturais leves, refrescantes – não obrigatoriamente brancos – para serem tomados no verão.

Proprietária da Enoteca Saint Vin Saint, restaurante e loja de vinhos naturais e biodinâmicos em São Paulo, Lis é completamente apaixonada pelo assunto. Tanto que só de seguir seu instagram acabei ficando mega curiosa sobre o tema.

“Hoje em dia consideramos vinhos naturais aqueles que são feitos a partir de vinhedos orgânicos – que não usam química nem na planta nem na bebida – ou biodinâmicos – além de não levar química, o homem não altera os equilíbrios naturais do campo, observa-se os ciclos do cosmo e a influência da lua e do sol sob as plantas e protege-se a biodiversidade da área. Os vinhos naturais também devem ser feitos sem colagem, filtragem, adição de leveduras selecionadas, conservantes a torto e à direito, correção de acidez ou cor, etc. Entre eles existem os naturais e os naturais sem adição de sulfito”, explica a sommelière.

Vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos são também chamados de ecológicos e tem um traço em comum: muitas vezes não são translúcidos, o que não é defeito, apenas indica que a bebida foi pouco manipulada e/ou filtrada. Eu adoro e tive GRANDES alegrias com alguns dos rótulos abaixo, que você encontra na Enoteca Saint Vin Saint, detentora da maior carta de vinhos naturais do país.

Lam White, Vinícola Lammershoek, África do Sul e Cacique Maravilla Pipeño 1 L , Cacique Maravilla, Chile

Lam White, Vinícola Lammershoek, África do Sul e Cacique Maravilla Pipeño 1 L , Cacique Maravilla, Chile

Vinho Velho do Museu Gewustraminer, Vinhos Juan Carrau, Brasil, R$109

“Uva vinificada em laranja (maceração com as cascas) de um dos grandes enólogos brasileiros: Juan Carrau. Os vinhedos são certificados orgânicos e biodinâmicos. Tem cor intensa e aromas inebriantes, muito característicos do estilo de vinificação, mas sem mascarar o carácter aromático da Gewustraminer. É sensual sem ser enjoativo”

Era dos Ventos Peverella, Era dos Ventos, Brasil, R$190

“Uma das pérolas brasileiras. Vinificação totalmente natural de uma das vinícolas masi alternativas do país – suas fermentações e amadurecimentos são feitos exclusivamente em madeira. A variedade é italiana, pouco difundida no Brasil, mas que ganhou fama nos últimos anos. Também é um laranja – faz maceração com as cascas, o que lhe confere uma cor intensa, dourada, aromas e sabores profundos e um leve tanino na boca – é o nosso Tondônia brazuca.”

Serena Pinot Noir, Vinhedos Serena, Brasil, R$ 163

“Uma das novidades no mundo natureba. O primeiro vinhedo totalmente biodinâmico do Brasil de Pinot Noir, o vinhedo Serena é vinificado pelo Maurício (nesse exemplar) e também por outra estrela natureba, o Marco Daniele (faz um rótulo próprio com uvas desse vinhedo). É um vinho para botar muito Pinot francês para correr. Fresco, sincero, elegante, leve, acidez salivante para acompanhar uma comidinha ou para ser tomado de golada.”

Zidarich Vitovka, Zidarich, Itália, R$262

“Está entre os meus brancos preferidos. Mas de novo, não é um branco, e sim um laranja. Esse estilo de vinhos voltou à moda e está fazendo a cabeça de muita gente, pois confere um caracter único e de muita personalidade aos vinhos. Esse é feito com uma uva desconhecida por aqui, a Vitovska – e dá origem a um vinho untuoso, turvo, cheio de nuances inesperadas. Um vinhaço; surpreendente, gastronômico e muito autêntico.”

San Vito Pignoletto Frizanti, Vigneto San Vito, Itália, R$139

“Quem acha que Frizanti é vinhozinho de segunda categoria, ainda não provou esse aqui. É um espumante de fermentação ancestral (as bolhinhas surgem dentro da garrafa pois é engarrafado antes do término da fermentação, portanto, o restante do gás carbônico fica “preso” na garrafa). As leveduras também não são retiradas, ficando na garrafa. Dá pra tomar ele sem as leveduras – é só deixar a garrafa de pé por um dia, até que elas fiquem no fundo e o vinho fique límpido ; ou então, agitar a garrafa e tomar ele bem turvo, com levedura e tudo. Eu gosto da última maneira. Dá uma outra dimensão ao vinho. Fresco, incisivo, limpa a boca e a alma.”

Lam White, Vinícola Lammershoek, África do Sul, R$93

“Delícia da África do Sul, 54% Chenin Blanc, 31% Viognier & 15% Chardonnay. Foge dos padrões e nos oferece um vinho sutil, elegante, refrescante e divertido.”

Volandera Garnacha, La Calandria, Espanha, R$89

“Garnacha de maceração carbônica do pessoal do La Calandria – eles fazem um trabalho lindo de resgate de viderias antigas na região de navarra – em especial, de garnachas antigas. A vinificação é totalmente natural e seus vinhos tem a medida certa de seriedade e irreverência. O Volandera é o vinho glou glou da linha: dá pra tomar no squeeze da academia, de tão leve e fresco.”

P´tit Piaf Merlot, Domaine de l’Ausseil, França, R$98

“Merlot naturalzão pra quem gosta de sabores mais radicais. Muito chá,muita erva,  muito aroma animal, muita fruta, nada de doce. Acidez lá em cima e taninos deliciosos. Um vinho tinto leve e que combina com as horas mais quentes sem problema nenhum. Vinho natural com cheiro e gosto de vinho natural.”

Il Secondo di Pacina, Pacina, Itália, R$89

“Vinícola natural radical e fenomenal, o primeiro vinho da linha é o que tem aromas e sabores mais fora da curva. Segue a linha do Piaf: muito animal, muita erva, muito chá, acidez deliciosa… e alma italiana. Uma surpresa para iniciantes e iniciados – mas pode assustar.”

Cacique Maravilla Pipeño 1 L , Cacique Maravilla, Chile, R$98

“Primeira boa notícia: vem de litro! Segunda boa notícia, é da uva País, uva renegada ao esquecimento dos vinhos “de mesa” chilenos até pouco tempo atrás. Hoje em dia, alguns doidos vinificam a uva em grande estilo, fazendo com que ela dê origem a vinhos fantásticos e divertidos. Esse é um exemplar leve, frutado, de bom humor, de boa acidez, que pode ser tomado de pé na areia tranquilamente.”

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