PANCs: a importância das plantas alimentícias não convencionais

Você conhece peixinho da horta? eu sou alucinada por ele

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Nos distanciamos tanto da natureza, do campo, das estações, que esquecemos todo o tempo, água, cuidado e energia que cada um dos itens que consumimos necessita para chegar até nós. Por isso faço questão de visitar produtores sempre que tenho um tempo: reconectar-se é imprescindível. 

Salada de PANCs da estação (no caso, serralha, língua de vaca, azedinha, catalônia, bálsamo e almeirão roxo) ao molho de mel dos Mellos e queijo de cabra de Santo Antonio do Empório dos Mellos, em Campos do Jordão

Salada de PANCs da estação (no caso, serralha, língua de vaca, azedinha, catalônia, bálsamo e almeirão roxo) ao molho de mel dos Mellos e queijo de cabra de Santo Antonio do Empório dos Mellos, em Campos do Jordão

O que são #PANCs e qual sua importância?

Plantas Alimentícias Não Convencionais são aquelas que a maioria das pessoas não se dá conta de sua função como alimento. Muitas, inclusive, são consideras matos ou ervas daninhas por crescerem espontaneamente nos quintais, campos e beiras de estrada.

Também pode-se considerar PANCs algumas plantas comuns, como a bananeira, porque acabamos restringindo seu consumo a fruta, jogando fora as outras partes comestíveis como o coração (ou umbigo) e os frutos verdes.

Por que tanto desconhecimento? Bom, o que aconteceu foi que com o passar das décadas, a destruição de vários biomas, o crescimento do agronegócio e os processos sucessivos de seleção artificial, houve uma redução drástica no número de plantas que são empregadas na alimentação humana. Isso traz como consequência a perda de diversidade no prato, redução de fontes naturais de nutrientes e a necessidade de reposição por fontes artificiais, como suplementos. Outro fator que se elimina é a diversidade cultural, com o abandono de saberes tradicionais associados ao consumo de espécies de plantas de ocorrência local ou regional.

Ou seja: vivemos num país riquíssimo em ingredientes mas acabamos por consumir sempre as mesmas coisas. Sendo assim, a demanda se restringe a apenas dezenas de itens, que são plantados cada vez em maior quantidade para atender a demanda. Enquanto isso, milhares de espécies são esquecidas e, muitas delas, extintas.

Por isso o trabalho de organizações e produtores como a Fazenda Coruputuba e Slow Food, entre outros, é tão importante: para serem produzidas em escala e chegarem aos mercados, é necessário haver interesse do consumidor, que só as descobrirá através de cozinheiros que as sirvam seus restaurantes e da imprensa. É o círculo virtuoso da informação.

Querendo saber mais sobro o assunto, compre o livro Plantas Alimentícias Não Convencionais, de Valdeli Kinupp, clicando AQUI

A pesquisadora Neide Rigo faz incríveis passeios urbanos, em São Paulo, para busca e identificação de PANCs. Para saber novas datas do #Panccity, seu projeto, siga o Instagram dela.

Conheça abaixo algumas das tantas PANCs brasileiras.

 

Almeirão roxo

Das minhas verduras favoritas, também é conhecido como Almeirão Japonês e Chicória Amarga. Tem sabor bem mais suave do que o almeirão comum e pertence a mesma família da alface, do dente-de-leão e da serralha.

Beldroega
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Também conhecida como caaponga, porcelana, onze-horas. Consumida em saladas, sopas, molhos e para engrossar caldos. Rica em vitamina C, ômega 3 e proteínas

Begônia
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Suas flores podem ser consumidas cruas em saladas. Tem sabor refrescante, bem parecido ao do tomate verde.

Bertalha
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Também conhecida por espinafre indiano. Planta trepadeira de folhas tenras que são consumidas refogadas em sopas, suflês e bolinhos.

Capuchinha
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Também conhecida por Flor de Chagas, Chaguinha. Come-se as flores e folhas, que possuem grande quantidade de vitamina C. De sabor picante semelhante ao agrião.

Cará do ar
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Planta trepadeira, produz tubérculos aéreos de cores branca, creme, roxa ou amarela.É rico em proteínas, carboidratos e potássio e alimento básico na Nigéria. Também conhecido como Cará Moela.

Chuchu de Vento
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Também conhecido como maxixe peruano e taiuá. Seus frutos são consumidos em saladas, quando novos, ou refogados e recheados, quando adultos.

Vinagreira
Sorrel, conhecida no Brasil como vinagreira, é endêmica nas lhas Cayman. Niven Patel, do Brasserie, decidiu processa-la e mistura-la a framboesas e servir como acompanhamento de peixes

Também conhecida como hibisco, caruru-azedo, quiabo-azedo, rosélia. São consumidas duas folhas e capuchos em saladas – cruas ou refogadas – e compotas e geleias.

Feijão Guandu
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Leguminosa de sabor potente, é altamente resistente a climas secos e solos pobres. Ricos em proteínas e carboidratos.

Araçá do Campo
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Da família da goiaba, a pequena fruta possui alto teor de vitaminas A, B, C, antioxidantes, carboidratos e proteínas.

Maria Gorda
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Também conhecida por Major Gomes, João Gomes e língua de vaca. Rústica, tolerante a seca, rica em nutrientes, possui 500% mais ferro que o espinafre.

Peixinho
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Também conhecida como lambari da horta e orelha de lebre, por sua textura peludinha. As folhas ficam deliciosas quando empanadas e fritas e remetem ao sabor do lambari.

Taioba
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Originária da América do Sul, a taioba (Xanthosoma sagittifolium) é muito similar na aparência ao inhame (Colocasia esculenta), natural do Sudeste da Ásia. Contém baixo nível calórico e alto nível nutricional e sensação de saciedade, por possuir muitas fibras. Dela come-se as folhas – deliciosas refogadas -, e o rizoma, o Taiá

Taiá
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Rizoma da Taioba, tem sabor parecido ao do inhame. Usa-se assado, cozido, em forma de purê ou frito. Por possuir muito amido, é ótimo espessante para caldos e sopas.

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