Le Manjue Bistrô: comida orgânica de sabores sutis

O Le Manjue Bistrô não deu certo na Vila Madalena, onde abriu em 2008 e fechou no começo de 2010. Sei lá se a razão é a vocação pé-na-jaca do bairro– cheio de bares, petiscos calóricos e muita birita– ou porque o paulistano ainda não estava preparado para um restaurante de menu completamente orgânico. Mas, então, o Le Manjue reabriu há um mês na Vila Nova Conceição, novo point de restaurantes e de povo $$$$$ em São Paulo, bem ao lado do Kinoshita. Na cozinha, continua o chef Renato Caleffi.

A nova casa é ampla, com mesas ao ar livre e uma grande parede de vidro que garante luz natural a maior parte do dia. O cardápio, como no Manjue da Vila Madalena, é grande e foca, claro, em receitas com uso de produtos orgânicos, muitos grãos, verduras, sementes germinadas e legumes. Quem acha que o preço será mais camarada por não ter a presença de foie gras e trufas, ledo engano: não se come entrada, prato principal e sobremesa por lá sem deixar uns R$ 140 por pessoa.

Couvert

Crocantes Andinos

O bom couvert (R$ 12,50 por pessoa) é composto por naan e matzá caseiros, grissini, sopinha do dia (comi uma deliciosa de mandioquinha com leite de coco), crudités, antepastos (a caponata com banana verde é bem boa) e manteiga suave com limão siciliano. Entre as entradas, optei pelos Crocantes Andinos (R$ 16,10), apesar de ficar de olho grande para o Shiitake selvagem gratinado com queijo gouda e alho poró (R$ 21,50). As trouxinhas fininhas s e crocantes vem recheadas de uma espécie de tabule de quinoa sem muito sabor… Bem melhor foi a criativa Salada Raw (R$ 38,60), composta por tiras cruas de cenoura e abobrinha, gaspacho de tomate e nhoques de mandioquinha que, no lugar da farinha, levam castanhas e sementes germinadas.

Salada Raw

A maior especialidade do Manjue são os jambalayas. Prato da culinária cajún (típica da Louisianna, nos EUA) que leva arroz cozido com vários ingredientes como tomate, cebola, pimenta verde e praticamente todo tipo de carne, o jambalaya tem uma infinidade de combinações. Lá, os mais vendidos são o de Camarão com banana e curry (R$ 65) e de Bacalhau (R$ 68), todos feitos com arroz cateto bicolor. Pedimos o de Salmão com brie e damascos, com arroz cateto bicolor e negro (R$ 48,50). De sabor marcantemente defumado, emprestado pelo salmão, o jambalaya ficou equilibrado  com o adocicado do damasco seco. Brie, por ali, quase não se via. Fiquei bem satisfeita com o que pedi: Almôndegas de cordeiro temperada com pimenta jamaica e canela, acompanha de espagueti ao pesto de hortelão com pinole (R$ 45,80). Porção farta de  massa perfeita, pesto delicado e sem excesso de óleo, fartura de pinoles e almôndegas super bem temperadas e tenras.

Os sabores, no geral, são sutis. O uso de especiarias, comedido. Uma comida gostosa, muito bem feita, de apresentação lindíssima, mas sem terremotos sensoriais.

Jambalaya de brie, salmão e damasco

Como sou tarada em pão de mel, resolvi terminar a refeição com o Sanduíche de sorvete: bolo de mel, sorvete de iogurte, doce de leite, calda de maracujá e crocante de quinoa (R$ 20,60). Olha, boa: a acidez do maracujá equilibrava o excesso de dulçor típico do doce de leite, enquanto o azedinho do iogurte preenchia o paladar. O único “porém” foi a textura do bolo de mel: dura demais, era impossível comer sem destruir completamente a sobremesa. Fiquei bem de olho, também, no Bolo quente de cacau belga sem farinha (leva castanhas moídas e coco no lugar dela), servido com ganache e sorvete de creme crocante (R$ 21, 50) mas já era digestivamente impossível mandar ver em outro doce. Quem sabe na próxima vez.

Para encerrar, chás. Orgânicos, claro.

Sanduíche de sorvete

Le Manjue Bistrô: Rua Domingos Fernandes, 608, Vila Nova Conceição, São Paulo, Tel: (11)3034-063

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