Maripili: espanhol pequenino, tradiça, bom e barato

Fui ao Maripili numa gelada quarta, bem no dia em que a feira fecha a rua onde é instalado o pequenino restaurante espanhol. Estacionei longe, fui andando através de  um dos lugares que mais adoro em qualquer canto do mundo– quase saí carregando duas dúzias de lindas mexericas imensas– e cheguei ao gracioso e diminuto salão, ainda vazio.

Com um amigo já estava me esperando numa das mesa,s e aproveitou o para adiantar o “serviço”, até que não demorou muito para chegar nosso pan con tomate de entrada.  Tradicionalíssimo na Espanha, trata-se de uma simples e deliciosa comidinha composta por fatia de pão coberta por tomate fresco macerado e alho. O pecado, neste caso, foi utilizar um pão de qualidade inferior (francês, meio murcho), o que quase matou a receita. Para tirar o bafão de alho– ninguém merece conversar com alguém nestas condições–, pedi uma coca cola zero ao único garçom do restaurante, a essa altura, já completamente lotado. Coitado: corria de uma mesa pra outra, tirava pedidos, atendia ao telefone… Quase, quase mesmo, levantei e fui dar uma força pra ele.

Como haviam me avisado que o serviço do Maripili é costumeiramente demorado– por ter uma equipe pequena tanto no salão quanto na cozinha, comandada pelo chef Luiz Macedo–, pedimos outra entrada, uma delicada Chistorra (lingüiça com molho de pimentão picante, R$ 16) e aproveitamos para pedir também os pratos principais: Paella (R$ 22) e Rabada à espanhola (R$ 21). Foi difícil escolher mesmo entre as poucas mas tradicionais e apetitosas opções de tapas (tortilla caseira com batata e ovos, R$ 5; Jamón com tomate, R$ 10; Mix de embutidos com sobrassada, fuet e chorizo, R$12) e pratos simples (Bacalhau à viscaína, com molho de pimentões, tomate e maçã, R$ 28,50; Dobradinha em caldo picante, R$12). Outras alternativas, além das impressas no menu, ficam à vista do cliente numa lousa.

Depois de 20 minutos, o garçom, já meio atordoado com o movimento, trouxe a bela, saborosa e fragrante paella (que, infelizmente, trazia o arroz duro demais) e a rabada sensacional, macia, com carne descolando do osso, cozida lentamente em tinto com cenoura, cebola e especiarias. As porções eram fartas, baratas e muito boas.

Para a sobremesa, a única opção do menu: natilla (R$ 5). Espécie de crema catalana mais leve, mais suave, mais maravilhosa, mais “posso comer uma tonelada sem enjoar”.  Sabe aquelas comidinhas que aquecem a alma? Leva açúcar queimado, leite, maizena, gemas e um toque de canela por cima.

Gostei bem do Maripili– os preços são baixíssimos, a comida bem boa e o clima, familiar até. Mas da próxima vez que for até lá não foi esquerece de levar um contêiner para trazer natilla para casa.

Maripili: R. Alexandre Dumas, 1.152, Santo Amaro, Tel.: (11) 5181-4422 

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