Marina di Vietri: que belo parmegiana!

Filé à parmegiana com risoto parmegiana: carne deliciosa, casquinha crocante e molho denso

A cantina do italiano Vincenzo Vitale passa facilmente despercebida: porta pequena no meio de uma rua com dezenas de lojas, restaurantes e docerias. Ao entrar, nota-se a simplicidade da decoração e a parede estampada, de ponta a ponta, por uma foto antiga de família. E o lugar é isso, familiar: os garçons são meio desajeitados, a frequência inclui muitas crianças correndo pelo salão e as porções são gigantes. Mas, nesse caso, essas características fizeram do Marina Di Vietri um lugar agradável é de comida boníssima, coisa rara entre as cantinas da cidade. Para mim, só tem um defeito grave: uma mega tv de plasma no meio do salão. Odeio tv em restaurante e, naquele dia, acho que o senhor Vincenzo também odiou: durante a segunda garfada da minha massa, olho para a tela por puro hábito, e meus olhos ficam parados em uma cena meiguíssima de um filme, na qual a garota vomita em todos os amiguinhos do parque de diversão. Tv e restaurante= nada a ver. Mesmo.

Couvert: ótimo pão italianho quentinho e legumes assados ao azeite

Indicada por um amigo italiano que é devoto da Pastiera di Grano da casa (e entendi bem a razão), o Marina di Vietri me proporcionou um dos melhores almoços em cantinas do ano. Começando pelo couvert com pão italino mega bem feito e quentinho (outra coisa rara), acompanhado por uma porção saborosa de abobrinha, berinjela, tomate e cebolinhas no azeite (R$ 8).

Espagueti a carbonara

Como amo carbonara, nem fiquei em dúvida entre as opções típicas do cardápios também típico: penne com polpette (R$ 32), tagliatelle ao pesto (R$ 38 — com pinoli e não nozes!),  capeletti in brodo (R$ 28)… Fui mesmo no espaguetão a carbonara (R$ 30), feito com pancetta e ovo inteiro cru, não somente a gema. Meu acompanhante preferiu algo mais carnudo e optou pelo risoto a parmegiana com filé a parmegiana (R$ 32), apesar de ter ficado em dúvida entre esse e a costeleta de cordeiro com ravióli de cordeiro (R$ 60). Apesar do prato mais famoso do Marina ser o espagueti com vôngole ao vinho branco, nenhum de nós estava a fim no dia.

O ponto da minha massa estava sensacional e apesar de gostar do sabor mais potente de gema, o prato estava equilibrado. Os muito pedacinhos pequenos de boa pancetta davam o arremate ideal. Agora, a carne do parmegiana… ótima. Fina, macia, com casquinha crocante e parmesão de boa qualidade perfeitamente derretido e quente, com molho de tomate caseiro encorpado e na medida (nada de boiar num mar de molho); o risoto de parmesão também muito bem preparado, no ponto. Ou seja: comida boa, preço justo e muita quantidade (ambos deixamos 2/3 no prato nele mesmo e não em nossos estômagos).

Salão da casa (ao fundo, a foto da família do proprietário)
Uma das melhores Pastiera di grano de São Paulo

Daí fui, felizona, na indicação do meu amigo: Pastiera di grano (R$ 10). E foi mesmo uma das melhores que comi em São Paulo: úmida sem excesso, frutas cristalizadas sem excesso, trigo em grãos sem excesso. Nada sem excesso, por isso matei o pedação em questão de segundos, além de meter a colher no tiramisú gigantão, molhadinho e com presença elegante do café (R$ 10).

Adorei o clima “lá em casa”, o cuidado das massas artesanais e da execução dos pratos da casa. Taí, virou uma cantina na qual voltarei– isso sim, coisa raríssima.

Tiramisu: grandão, úmido e com gostinho de café na medida

Marina Di Vietri: Rua Comendador Miguel Calfat, 398, Vila Olímpia, tel.: 11 2659-7824, São Paulo

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