Jiquitaia: delicadeza, cuidado e zero de pretensão

Carne de sol com quiabo e alho assado: simplicidade com ótimo resultado

O novo Jiquitaia, aberto há menos de três meses perto da Frei Caneca, tem salão simples porém bem arrumado. Cardápio curto porém bem resolvido. Preços justos porém… porém nada. É isso: comida boa e claramente bem feita a preços razoáveis.

Comandado pelo chef Marcelo Bastos (anteriormente no Porto Rubaiyat), o Jiquitaia trabalha com uma fórmula que costuma dar certo mas, infelizmente, é muito pouco usada no Brasil: menu pequeno, cozinha afinada e resultado homogêneo e de qualidade. Ali, é possível pedir entradas, pratos principais e sobremesas separadamente, mas o negócio é ir no menu de R$ 30 nos almoços de segunda à sexta e de R$ 50 nos jantares e almoços de sábado (abre às 12hs e vai direto até às 00hs): ele já inclui tudo.

Ótima batata doce com gorgonzola e castanha do Pará

A pegada é brasileira- o nome, Jiquitaia, vem do tupi e quer dizer “pimenta-malagueta seca e reduzida a pó”, que, aliás, pode ser encontrada em todas as mesas, em um pequeno e delicado saleiro-  com utilização de ingredientes sazonais de qualidade.  No meu almoço de sexta, haviam duas opções de entrada (salada casa- R$ 17 se pedida separadamente – e caldinho de feijão -R$ 17 se pedido separadamente), quatro de pratos principais (a moqueca, que nunca sai do menu- R$ 28 se pedida separadamente; Costelinha de barbecue ao tamarindo com batata doce– R$ 23 se pedida separadamente; risoni de cogumelos com cambuquira– R$ 25 se pedida separadamente- tainha grelhada com farofa de camarão – R$ 28 se pedida separadamente) e várias sobremesas sobre as quais falo depois.

Tainha grelhada -e suculenta- com arroz branco e farofa de camarão com pimenta biquinho

Na sexta, fui de salada (folhas verdes e tomates regados com bom azeite) e de ótima e suculenta tainha, com pele crocante e carne macia, escoltada por farofa úmida com camarões gordinhos e pimenta biquinho. Para adoçar, um bom figo cozido no vinho com especiarias e acompanhado de creme batido na casa (R$ 8,50 se pedido separadamente).

Costelinha de porco no Tucupi com farofa d'água

No sábado, aumentam as opções e o grau de elaboração das receitas. Comecei com uma bem feitíssima carne de sol com quiabo – crocante por fora, como adoro – e alho assado (R$ 14 se pedida separadamente) e o equilíbrio meio viciante da batata doce assada com gorgonzola, Castanha do Pará e folhas de agrião (R$ 17 se pedido separadamente). Como principal, interessante a acidez dada pelo tucupi na costelinha de porco, de carne macia, acompanhada por farinha d’àgua e arroz. Só me decepcionei com a tal moqueca que jamais sai do menu: um pedaço pequeno de badejo sozinho num mar de molho ralo e sem vida.

Moqueca de peixe; gostoso figo cozido no vinho e servido com creme batido na hora; goiabada cremosa com queijo idem

Terminamos com sagu (saboroso porém mole demais) com creme e uma ótima goiabada com queijo cremoso. Uma refeição gostosa, da qual saí feliz.

Vou te falar que o Jiquitaia tem tudo pra ser um sucesso duradouro. Eu só colocaria mais tempero e peixe na moqueca e capricharia um tantinho mais nas sobremesas.

Jiquitaia: R. Antonio Carlos, 268, Consolação, tel.: 3262-2366

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