Rouge Bar à Vin: boa comida e cara carta de vinhos

Croquete de rabada

A Rua Mário Ferraz, no Itaim Bibi, acaba de ganhar mais um endereço gastronômico, o Rouge Bar à Vin. A casa, como o próprio nome deixa claro, dedica-se ao vinho, especialmente aos rótulos franceses, selecionados pelos sommeliers-consultores Rafael Goulart e Paulo Neto. O ambiente tem bastante luz natural, pé direito alto, mesas com boa distância entre si: bem agradável. O menu, criado pela chef-consultora Ana Soares, flerta com a França mas abrange outros territórios, como Espanha, Itália e Brasil, como se nota nos excelentes e cremosíssimos croquetes de rabada (R$ 24, 50; 6 unidades) e no saboroso Sagu ao vinho tinto com creme inglês (R$ 11).

Prato do menu executivo: arroz de pato com linguiça, bacon e couve frita

Comida, aliás, é o ponto mais forte do Rouge: nas duas visitas que fiz, os pratos se mostraram bem executados, equilibrados e com porções de bom tamanho, na maioria dos casos. Quem comanda a cozinha no dia-a-dia é Alexandre Kinzo, formado em gastronomia pelo The International Culinary Center.

Canapés de gorgonzola, mel picante e tapenade (R$ 28; 6 unidades)

Como entrada, além do croquete de rabada, recomendo os Canapés de gorgonzola, mel picante e tapenade (R$ 28, meio caro pelas pequenas 6 unidades) que unem dois ingredientes fortemente salgados sem se tornarem desequilibrados. Há também seleção de frios, caso da Charcuterie Maison (Bresaola e rillete de pato, terrine, cebolinha, cornichons – picles de pepino- e pão tostado, R$ 36,50), e opções tradicionais francesas como Tartar (R$ 27) e Papillote de mexilhões (R$ 36,50).

Rouge-Burger: burger à parmegiana, com ementhal, acompanhado de fritas, salada de rúcula e agrião e ovo pochê

Minhas duas escolhas do menu executivo (são duas opções que variam diariamente), servido durante o almoço por R$ 34, foram bem felizes. O primeiro, caudaloso arroz de pato com linguiça, bacon, couve frita e generosa coxa da ave de carne bem temperada e úmida. O segundo, picadinho com cogumelos, de molho apurado e saboroso, acompanhado de couve frita, banana chips, arroz e ovo pochê.

Picadinho: servido a R$ 34 no menu executivo

Gostei bem do suculento o Rouge-Burger: burger- vermelhinho dentro, como deve ser – à parmegiana, com ementhal, acompanhado de boas fritas, salada de rúcula e agrião e ovo pochê (R$ 39). O Fetuccine à carbonara da casa– creme de leite, mortadela,  espinafre, limão, sálvia e ovo pochê (R$ 34)- é interessante, especialmente pela combinação feliz do sabor da mortadela com limão, mas pesado pelo uso excessivo de creme de leite. E de carbonara não tem nada…

Fetuccine carbonara da casa: creme de leite, mortadela, espinafre, limão, sálvia e ovo pochê (R$ 34)

Para quem quer pegar mais leve, há seção inteira dedicada aos sanduíches, com opções como o de presunto cru, salsão, parmesão e rúcula na baguete (R$ 25) e o de atum, tomate, legumes grelhados e alcaparras na ciabata (R$ 29).

Sagu ao vinho tinto com creme inglês

Agora, os vinhos… Uma casa que se dedica ao assunto deveria oferecer rótulos a preços razoáveis, visto que a intenção de quem vai até elas é provar novos, apreciar os já conhecidos, explorar, testar. Geralmente essas pessoas consomem a bebida em casa, em festas, na praia, etc, e tem noção do quanto custa a garrafa nas lojas, ou direto no importador. Aqueles que não tem, estão sujeitos a pagar o que se pede… Aqui entra meu questionamento: qual a margem razoável para um bar/restaurante colocar em cima do preço de importadora? 25%? 40%? 60%? Quanto é justo pagar por termos taças de cristal, sommelier experiente, cadeiras confortáveis, trilha sonora?

Pudim de caramelo com calda de Porto e laranja (R$ 10,90)

O Rouge, algumas vezes, chega a colocar 90% – e isso me incomodou bastante. Pode ser “comum” no Brasil, mas não é correto. Como consumidora, me sinto ofendida em ver uma garrafa de La Haute Févrie Muscadet de Sèvre et Maine Sur Lie a R$ 115 (a taça, R$ 24), sendo que o valor na importadora é de R$ 64 – e isso para pessoa física, que paga mais caro. Ou uma de Les Salices Pinot Noir a R$ 118 (contra R$ 62) e Salentein Winemaker’s Selection Sauvignon Blanc-Chardonnay a R$ 75 (loja, R$ 39) O serviço?  Apenas uma vez em que pedi vinho em taça, de um total de quatro, ele me foi dado para ser provado antes dela ser completada com a bebida.

Exterior do Rouge, no Itaim

Outros estabelecimentos com a mesma pegada, como Enoteca Saint Vin Saint e Bodega Franca, trabalham de maneira diferente: enquanto a primeira cobra entre 30% e 50%, a segunda mal chega a 20%.

Concordo que o preço deva embutir o custo dos impostos, das matéria-primas, do aluguel, da mão-de-obra: ninguém abre um negócio para fazer caridade. Mas só aqui achamos normal pagar R$ 25 num estacionamento, R$ 60 numa pizza, R$ 120 num ovo de Páscoa, R$ 9 numa água, R$ 70 num prato de massa. Perdi a noção da realidade ou 90% é mesmo razoável? Por que depois de ler que “não é elegante” questionar valores, não sei mais de nada.

Rouge Bar à Vin: Rua Mário Ferraz, 561, Itaim-Bibi, tel.: (11) 2628-8377

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