Santovino: italiano bonito, agradável (e caro) nos Jardins

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Nunca vi tantas casas notoriamente voltadas para a (bem) dita classe AAA abrirem em São Paulo. Parece que uma certa parcela de paulistanos aderiu totalmente aos restaurantes/bares com decoração clean, ambiente aberto– onde todos se veem e a “socialização” é parte do pacote de diversão–, muitas opções de bebida, cozinha bacaninha e preços que afastam qualquer ser diferenciado que não tope desembolsar R$ 52 por um risoto de legumes.

Polenta cremosa com queijo taleggio, espinafre e pancetta crocante

O Santovino, recém-aberto em um dos pontos mais movimentados dos Jardins, no qual funcionava a tabacaria Davidoff, é um exemplo. A diferença é que em vez de apostar na coquetelaria (que, também de repente, virou mania), decidiu focar-se em vinhos. A carta ampla– compreende cerca de 250 rótulos de países como Portugal, França, Espanha, Itália e África do Sul– oferece opções de R$ 71 (como o Luis Pato Baga 2006) até algumas com valores acima de R$ 8 mil (Château Pétrus 1999) e quatro ou cinco sugestões em taça por dia. Nas mesas, muitos garotos bem sucedidos, senhoras “da sociedade” e turmas de mulheres bonitas.

Espaguete alla carbonara

A cozinha fica a cargo da chef Soraia Barros, ex Due Cuochi e Pomodori. A linha é mais tradicional, com vários clássicos da cozinha italiana e massas recheadas feitas na casa (o agnolotti é fechado na hora do pedido). Minha refeição começou com o couvert que trouxe gostoso pão de linguiça com mussarela, pão italiano (com consistência levinha demais), finas torradas com azeite e manteigas regular e temperada (R$ 9 por pessoa). Para entrada, fiquei em dúvida entre o gratinado de alcachofra (com bacon, gema, parmesão e mini agrião, R$ 25) e a polenta cremosa com taleggio, espinafre e pancetta crocante cortada em pequenos cubinhos e salpicada por cima (R$ 25). Acabei ficando com a última, porque sou tarada por polenta mole. Nesta versão, ela veio com alguns gruminhos e consistência ligeiramente farinhenta, mas salvou-se  pelo bom taleggio e pela crocância da pancetta.

Sacada do Santovino: luz natural, decoração clean e gente com grana

Comi encorpados e gostosos agnolotti de cordeiro (carne bem temperada e com sabor presente), finalizados em seu próprio molho com um toque de azeite de trufas e minúsculos pedaços de legumes crocantes que deram um tom mais fresco e uma textura nova ao prato (R$ 50).

Agnolotti de cordeiro com molho de cordeiro trufado e legumes

Minha amiga foi de espaguete alla carbonara (R$ 42): massa cozida no ponto correto, pedacinhos carnudos de pancetta, mas faltou pimenta e vida ao molho que teve a gema– personagem tão importante– meio apagada. O garçom também havia sugerido dois pratos que, segundo ele, já são os carros-chefe:  Tagliatelle negro, com lulas salteadas, tomates frescos, espinafre e cogumelos paris (R$ 43) e espaguete alla nona Angela, que leva polvo, tomates, salsa e azeitonas verdes (R$ 55).

Cannolo siciliano

Admito que me impressionei mais com as sobremesas: simples e bem feitas. O cannolo siciliano veio com massa fina e crocante, recheado por um creme sedoso de ricota  misturado a pedaços delicados de frutas cristalizadas e gotinhas de chocolate, acompanhado de farofa de pistache (R$ 14).

Pastiera de grano: acompanhada de vinho de sobremesa

 Então pedi um dos doces italianos que mais adoro, a Pastiera di grano (R$ 22); No Santovino tem massa macia de ricota misturada a trigo em grãos, em abundância, um toque de frutas cristalizadas e água de flor de laranjeira, acompanhado por um copinho de vinho de sobremesa. Jogue-o por cima da pastiera e veja a torta molhar-se delicamente, tornando-se cremosa e mega aromática. O Tiramisú (R$ 15), ficou para a próxima.

Santovino Ristorante: Al. Lorena, 1.821, Jardim Paulista, tel.: 3061-9787

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