Ferro e Farinha: no Rio, feita por um americano, está uma das melhores pizzas do Brasil

Lucky star, minha favorita: manteiga de alho poró, molho de tomate apimentado, cogumelos assados e crus, ovo caipira e pecorino (R$ 39)

Nunca existiram tantas pizzarias no Brasil – e olha que, em São Paulo, pizzarias sempre foram abundantes. A nova onda da pizza no país deve-se, e muito, a ‘chegada’ da pizza napoletana por aqui. Muito mais do que um disco individual assado em forno a lenha, ela tem profundas raízes na história: a pizza foi inventada lá (querendo saber mais sobre o tema, clique AQUI).

Seja napoletana, paulistana, romana ou siciliana, a parte mais delicada e complexa da pizza é a massa. A parte que exige mais cuidado, experiência, técnica. A parte que apenas uma fração das pizzarias faz direito, seja usando o tipo errado de farinha (ou de má qualidade), seja pecando na fermentação, seja assando demais ou de menos.

Sei Shiroma e sua Adobo verde, montada com molho, grana padano, couve marinada em shoyu e gengibre, mel picante e alho confit (R$ 37)

Sei Shiroma, pizzaiolo e criador da Ferro e Farinha, é um mestre exatamente nela, na massa. Ao lado da Leggera, em São Paulo, é uma das melhores pizzarias do país – na minha modesta opinião.

Para começar a refeição do Ferro e Farinha: abobrinha assada no forno a lenha, cogumelos brancos, pesto de agrião, amêndoas e pão

Novaiorquino, filho de japoneses e chineses, Sei mudou-se para o Brasil há cerca de seis anos. Durante um tempo, preparou suas pizzas num forno acoplado a um automóvel, que rodava por bairros do Rio: virou uma sensação. Filas eram rotineiras. Em 2016, tornou-se imóvel e abriu as portas da Ferro e Farinha, no Catete. Minúsculo, o estabelecimento é praticamente um corredor no qual ficam o forno a lenha e a maior parte dos assentos (ao balcão). O que tem de pequeno na dimensão, tem de grande no resultado: farinha italiana fermentada longamente de forma natural resulta num disco leve, belamente dourado, com um toque elástico e de sabor profundo.

A impecável Margherita do Ferro e Farinha, no Rio.

Sua pizza não é napoletana, nem novaoirquina: é autoral. O equilíbrio da massa e a criatividade nas coberturas acabaram criando um estilo de Sei, do qual me tornei fã. São sete sabores de cobertura que vão da tradicionalíssima Margherita (R$ 34) a deliciosa Lucky Star, minha favorita, que leva manteiga de alho poró, molho de tomate apimentado, cogumelos assados e crus, ovo caipira e pecorino (R$ 39). Outro acerto é a Adobo Verde, de forte inspiração asiática, montada com molho, grana padano, couve marinada em shoyu e gengibre, mel picante e alho confit (R$ 37).

O pizzaiolo Sei Shiroma e sua assistente ao forno da minúscula e excelente Ferro e Farinha, no Rio

Para acompanhar há drinques bem feitos e a bons preços, como gin tônica com Tanqueray (R$ 24), Catete Sunset (bourbon, mel, laranja, limão siciliano, vinho tinto, R$ 26) e Old Fashioned (R$ 31).

A pequena Ferro e Farinha é mesmo uma tremenda pizzaria.

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