Cochinchine: delicada cozinha vietnamita

Bahn Beo: pequenas panquecas de farinha de arroz e tapioca polvilhadas com farofa de camarão seco e cebolinha (R$ 34)

Dos mesmos proprietários do Bia Hoi, no Centro, o Cochinchine também reflete a paixão de Dani Borges, chef/sócia, pelo país do Sudeste Asiático. Na nova casa dos Jardins, porém, as receitas são mais elaboradas e há um clima levemente formal no salão. Levemente, mesmo, porque a ideia é pedir diversas porções – a maior parte do menu – e compartilhar no centro da mesa.

Rolinhos vietnamitas de papel de arroz recheados com majericão, hortelã e coentro, pepino, nabo, cenoura e macarrão de arroz com molho picante do Cochinchine

Das poucas opções vegetarianas de prato principal o Ca Ri Chay é um curry vietnamita de legumes servido com arroz branco

O cardápio inclui clássicos vietnamitas como o Goi Cuon – rolinhos de papel de arroz recheados com manjericão (pena não ser o manjericão tailandês: faz uma tremenda diferença), hortelã, coentro, pepino, nabo, cenoura e macarrão de arroz (R$ 24) -, mas também entrega novidades para o paladar dos paulistanos, tão pouco acostumado a sabores agridoces e picantes.

Excelente Dui coxa e sobrecoxa de frango cozidas no vapor com mel, capim santo e pimenta e finalizadas na grelha a carvão, servidas com arroz branco e salada vietnamita (R$ 53)

Bom dizer que a culinária vietnamita é mais sutil e menos apimentada que a tailandesa, então não há o que temer mesmo para aqueles que sofrem de pânico de pimenta: no Cochinchine ela está bem dosada e nos lugares certos. Prova disso é o Bahn Bot Loc Chay. Delicados e alvos dumplings (a denominação refere-se a uma variedade de salgados envoltos por algum tipo de massa, com ou sem recheio) de polvilho doce cozidos no vapor, são recheados com abóbora, cogumelo e gengibre, cobertos por finas fatias de cebolas fritas e mergulhados no delicioso molho vietnamita da casa (R$ 34). Tradicionalíssimo e viciante, leva molho de peixe, pimenta vermelha, alho, açúcar e limão.

Para compartilhar: crocante salada de flor de bananeira, mix de repolhos, picles de maçã verde, ervas, camarões de leite de coco (R$ 42)

Do novo Cochinchine, e dos meus favoritos por lá: dumplings de polvilho doce cozidos no vapor, recheados com abóbora, cogumelo, gengibre, com cebolas fritas e molho vietnamita (R$ 34)

O polvilho entra junto com a farinha de arroz na receita do Bahn Beo, pequenas panquecas finalizadas com farofa de camarão seco e cebolinha (R$ 34). Boa pedida para quem deseja notas mais frescas, a salada de flor de bananeira com mix de repolhos, picles de maçã verde, ervas e camarões é leve, crocante e belamente adocicada, especialmente ao regá-la com o leite de coco caseiro que a acompanha (R$ 42).

Vale tomar o Jaca Amiga, deliciosa compota de jaca – fruta nativa do Vietnã, com vodca e limão (R$33)

Não saia do Cochinchine sem provar duas especialidades à base de uma fruta de origem vietnamita, tão abundante quanto renegada no Brasil: a jaca. Nem todos os coquetéis que provei me agradaram (aqui, falta equilíbrio), mas o Jaca Amiga é daqueles que dá para tomar uns três durante a refeição: deliciosa compota de jaca, vodca, limão e gelo (R$33). O outro é o  Crème brûlée de jaca (R$ 22): sua textura aveludada é comprometida pela fruta, porém o sabor faz valer qualquer não-perfeição técnica.

Crème brûlée de jaca, fruta nativa do Vietnã: apesar da textura mais granulosa por conta da fruta, é bem agradável e inusitado para o paladar brasileiro

O Cochinchine é um bom endereço para o paulistano começar uma suave incursão gastronômica pelo Sudeste Asiático.

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