Balaio: a cozinha brasileira do chef Rodrigo Oliveira chega à Avenida Paulista

Pasteis de verduras e queijo Canastra com Caju Atômico do novo restaurante Balaio, com menu do chef Rodrigo Oliveira, do Mocotó

Muitos anos se passaram até que Rodrigo Oliveira concordasse em sair da Vila Medeiros com sua comida: o chef sempre fez questão de dizer que lá está seu coração, seu começo, sua história. Cerca de dois anos atrás, depois de muita insistência, inaugurou o diminuto Mocotó Café, no Mercado de Pinheiros. Um pedacinho de sua casa famosa que sacia, estrategicamente, os desejos mais prementes dos moradores da zona oeste (nada de menuzão: apenas alguns beliscos e dois ou três pratos emblemáticos).

Fresco ceviche de beijupirá com coco fresco, cebola roxa e leite de umbu do Balaio, na Avenida Paulista

Agora, finalmente, Rodrigo desembarca com cozinha completa: e em plena Avenida Paulista. O Balaio, seu novo restaurante, ocupa o andar térreo do novo Instituto Moreira Salles. Apesar do cozinheiro não dar expediente por lá diariamente (ele continua comandando as casas da Vila Medeiros), a chegada de Rodrigo fez um baita sucesso: pode-se ver, através das paredes de vidro do salão, que o local está sempre lotado e com constantes filas de espera.

Para compartilhar: moqueca de caju, palmito, banana da terra e ora-pro-nóbis, acompanhada por arroz vermelho e farofa (R$ 98)

O cozinha do Balaio situa-se em algum ponto entre a do Mocotó e do Esquina Mocotó: não é tão tradicional quanto a do primeiro, tampouco tão autoral quanto a do segundo. É mais fácil de compreender. Tem sabores menos marcantes e mais democráticos, no sentido de agradarem um número maior de pessoas. É menos sertaneja e mais brasileira.

vinagrete de feijão verde, quibebe, queijo de cabra e castanha de caju do Balaio, restaurante do chef Rodrigo Oliveira na Av. Paulista

Os emblemáticos dadinhos de tapioca (R$ 25, porção) estão no menu, claro: haveria um motim dos comensais se não estivessem. Há, contudo, sugestões de entrada mais interessantes, como os pastéis de verduras – que variam de acordo com a sazonalidade – e queijo Canastra (R$ 14), os cremosos croquetes de linguiça bragantina (R$ 19) e o ótimo ceviche de beijupirá com fitas coco fresco, cebola roxa e leite de umbu (R$ 29). Das minhas três visitas, meu prato favorito foi o suave vinagrete de feijão verde, quibebe, queijo de cabra e castanha de caju (R$ 25), que dosa belamente acidez e doçura.

Salão do Balaio. Foto do Instagram do restaurante (a verdade é que odeio enfiar a câmera na cara das pessoas…)

A seleção de queijos brasileiros (R$ 49) traz bons exemplares, serve duas pessoas e vem acompanhada de compotas de frutas e castanhas. Triste que a equipe não esteja treinada para dizer quem são os produtores de cada um  – apesar de saberem apontar os tipos que, em vez de trazerem o Brasil em si, são emulações de queijos europeus, a começar pelos nomes – e que o valor não inclui cesta de pães.

Coquete de linguiça bragantina: opções de petisco do novo Balaio

Compartilhar é fácil, no Balaio, inclusive com três pratos em porções pensadas para isso: a caldeirada caiçara servida com arroz vermelho e farofa (R$ 149), a paleta de cabrito assada acompanha por baião de dois cremoso e legumes (R$ 158) e a moqueca de caju, palmito, banana da terra e ora-pro-nóbis que vem escoltada por arroz vermelho e farofa (R$ 98) que, apesar de linda, careceu de temperos, caindo no dulçor sem nenhum contraponto.

Seleção de queijos brasileiros, castanhas e compotas do Balaio

Para quem não quer dividir nada, há macio Cupim de panela com cuscuz de milho e fava verde (R$ 49), tainha com pirão de frutos do mar e banana da terra (R$ 59) e bife com arroz, feijão, mandioca, vinagrete de abóbora (R$ 54), entre outros.

Macio Cupim de panela com cuscuz de milho e fava verde do Balaio

Mesmo sendo carnívoro, o cardápio oferece opções para quem não quer ou não come carne, caso do cremoso angú de fubá caipira, ovo pochê, ora-pro-nóbis, vegetais do dia e queijo Canastra (R$ 49) e dos cogumelos com batata doce, molho cítrico e folhas (R$ 49).

Drinques do novo Balaio: corretos tanto na execução quanto no preço

Do bar saem drinques bem feitos, brasileiros em essência e que conversam bem com o cardápio. Entre os que provei, meu predileto foi o caju atômico, feito com cachaça mazzaropi, shrub (preparo a base de vinagre, frutas e acúcar) de caju com especiarias, limão (R$ 27). As caipirinhas de três limões ou de maracujá, tangerina e mel também saem por R$ 27, cada.

Das melhores sobremesa do novo Balaio:torta de goiaba com sorbet de goiaba com pimenta rosa (R$ 18)

Para finalizar, vá de delicadíssima torta de goiaba coroada por sorbet de goiaba com pimenta rosa (R$ 18) e café Orfeu coado (R$ 7).

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